Eu me chamo Virgínia. Sou de uma cidade muito pequena, Caboceiras. Minha mãe faleceu muito cedo, no parto da minha irmã, quando eu tinha mais ou menos 5 anos. Fomos morar na roça, nas fazendas, sendo criados por outras pessoas. O período que morei na chácara, fui criada por uma família muito católica, e a mulher que criava a gente, nos ensinou a rezar, levava a gente à Missa todos os domingos (ia eu e meu irmão, hoje, padre Elias) e a rezar antes das refeições.
Mas num determinado tempo ela acolheu mais uma menina, Maria Aparecida, minha irmã Cida, que hoje é freira. E aí éramos três crianças. A situação estava ficando muito difícil porque eu era considerada uma menina rebelde. E com o tempo, a mulher foi perdendo a paciência comigo. E com muita dor no coração ela teve que me dispensar.
E foi aí que vim parar em Brasília. Fui morar na casa do meu tio lá no Gama, com mais quatro filhos dele. Ele também não conseguiu ficar comigo, e eu já tinha 10 anos quando ele me mandou para a casa de uma família que era conhecida e comadre dele. Só que na época, a comadre dele não me queria para ela, mas para outra pessoa, a irmã dela.
Ela me entregou para essa irmã, que seria a última tentativa para mim. Lá fiquei por quase doze anos, acho que até uns vinte, vinte e dois anos, mais ou menos. Fui crescendo ali com essa família que era espírita. Ali a gente não tinha o hábito de rezar, de ir à Missa, de rezar o terço, tudo que aprendi lá em Caboceiras, ainda muito menina, mas que tinha ficada plantada a sementinha.
Fui ficando adolescente, mas como eu tinha muitos afazeres, não me era permitido ir para Igreja. Tinha que fazer os serviços da casa e cuidar de duas crianças. Eu estudava de manhã e cuidava da casa e das crianças à tarde.
Com o passar dos anos, fui conhecendo outras pessoas, umas afastadas de Deus e algumas que buscavam a Igreja. Religiões, frustrações e aprendizados. Amizades e decepções foram me amadurecendo e me moldando.
Conheci meu esposo, me casei, minha irmã veio morar conosco e voltamos a frequentar a Missa para educar nossas filhas.
Passei a frequentar a Igreja Perpétuo Socorro. Nossas filhas iniciaram no coral da Igreja e assim a oração voltou a fazer parte de nossas vidas. Este caminhar não foi fácil. Os conflitos e confusões de filhos adolescentes surgiram. Discussões pesadas e situações muito difíceis.
Certo dia, o namorado da minha filha mais velha, nos sugeriu a reza do Terço pelos Filhos que ele tinha visto na internet. Aos poucos a oração do terço foi se tornando nossa rotina, no início, foi difícil, rezar todos os dias era muito difícil.
Em meu coração, eu precisava rezar o terço mariano e depois o Terço pelos Filhos também no meu trabalho, lugar de muitos irmãos evangélicos. Deste pequeno movimento de oração, novas possibilidades foram surgindo. Decidimos ir para a Canção Nova e conversando com o guia, tio Guto, ele me apresentou a uma mãe da PNSF. Por sugestão, em um dos vídeos da Angela Abdo, comprei os livros, fui me encontrando, me identificando no Movimento e nunca mais saí.
Hoje, não vou dormir sem rezar o Terço pelos Filhos. Meu coração e o de minha família foi abrandado pelo poder da oração. Estamos amadurecendo e sendo perseverantes na fé e no amor a Igreja.
Um dia, senti o desejo de trazer o Grupo de Mães aqui para a Paróquia e partilhei com a Fátima. Devido a muitas dificuldades que eu tenho, comecei a desistir, mas a Fátima insistiu, insistiu, insistiu, e decidiu começar o Grupo, mesmo com toda sua dificuldade em falar, ela foi em frente.
Como a obra é de Deus, as coisas foram acontecendo e eu fui me envolvendo. Depois de algum tempo, a gente precisa de uma Coordenadora, já que a atual tinha de se afastar. Um dia, as meninas me falaram que a nova Coordenadora do Grupo seria eu. Eu falei que elas estavam loucas, que eu não tinha a menor capacidade para ser Coordenadora. Fui resistindo, até que elas me disseram que era eu a nova Coordenadora. Confiei em Deus, senti em meu coração que era os planos Dele para mim e dei o meu sim. Eu sabia que se o Senhor estava me escolhendo, Ele ia me capacitar.
O Senhor tem me exortado para que eu me aprofunde cada vez mais. Mesmo com tantos problemas pessoais, além do meu pai, minha sogra, meu marido que falava que eu não daria conta, e que eu já tinha muita coisa para fazer, não tinha tempo:
minha resposta era que eu já tinha reservado tempo para esse chamado.
Estou seguindo confiante em Deus e me esforçando para fazer o melhor. Sempre digo que se Ele me escolheu, Ele me capacitará!