O processo de sincretismo mais conhecido e o mais estudado é o sincretismo religioso.
O sincretismo religioso é a mistura de uma ou mais crenças religiosas em uma única doutrina. Este modelo de sincretismo, assim como o cultural, nasce a partir do contato direto ou indireto entre crendices e costumes distintos.
No Brasil, por exemplo, o sincretismo religioso nasce desde a chegada dos primeiros colonizadores portugueses, se intensificando com a presença dos escravos africanos, que, em contato com a população nativa do Brasil (os indígenas), disseminou os seus costumes, rituais e tradições.
Um exemplo de sincretismo religioso no Brasil, é a comemoração do dia de São Cosme e São Damião. Para a Igreja Católica, a comemoração é dia 26 de setembro, no entanto a maioria das pessoas o faz no dia 27 de setembro.
COMO OCORRE ESSA RELAÇÃO
Na Igreja, muitos santos são estigmatizados pelo misticismo devido ao choque de culturas. Nada contra outras culturas, mas é sempre muito bom lembrar a verdadeira origem dos fatos. Muitos de nossos santos são cultuados também no candomblé e em outras religiões, mas a história é bem diferente. Na época da escravatura no Brasil, os escravos africanos criaram uma maneira criativa e inteligente de enganar os senhores de Engenho. Invocavam seus deuses Orixá, Oxalá, Ogum como São Sebastião, São Jorge e Jesus. Os negros bantos identificaram Cosme e Damião como os orixás Ibejis em um sincretismo religioso. E fizeram o mesmo com outros santos também, como São Jorge, Santa Bárbara, entre outros. O sincretismo religioso é um fenômeno que consiste na absorção de influências de um sistema de crenças por outro.
Os negros bantos identificaram Cosme e Damião como os Ibejis: divindades gêmeas, sendo costumeiramente sincretizadas aos santos gêmeos católicos, Cosme e Damião. A grande cerimônia dedicada a Ibeji acontece, no dia 27 de setembro, quando comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas (associadas às crianças, portanto) são oferecidas tanto a eles como aos frequentadores dos terreiros.
OS GÊMEOS COSME E DAMIÃO
Os gêmeos árabes Cosme e Damião foram cristãos mártires pela fé e permanecem cultuados há muitos séculos (desde 300/400 d.C.).
Cosme e Damião eram filhos de uma nobre família de cristãos. Desde muito jovens, manifestaram um grande talento para a medicina. Tornaram-se profissionais competentes e dignos, indo trabalhar como médicos e missionários na Egeia. Não trabalhavam por dinheiro, a riqueza que almejavam era fazer de sua arte médica também o seu apostolado para a conversão dos povos. Inspirados por Deus, usavam a fé aliada aos conhecimentos científicos, confiando sempre no poder da oração, e assim operavam verdadeiros milagres, curavam doentes em nome de Cristo, vários destes à beira da morte.
Na época do Imperador romano Diocleciano, os cristãos foram perseguidos, e assim, por serem cristãos, Cosme e Damião foram perseguidos, torturados e martirizados.
São Cosme e São Damião jamais abandonaram a fé cristã e foram decapitados no ano de 303. São considerados os padroeiros dos farmacêuticos, médicos e das faculdades de medicina.
Evidentemente, os católicos não devem participar do sincretismo, que é de fato um desvirtuamento da autêntica veneração a esses e outros santos. Cabe salientar, mais uma vez, que nós, católicos, podemos e devemos saber conviver pacificamente com as diferentes opções religiosas das pessoas que nos cercam, na medida do possível, desde que para isso não deixemos de afirmar a nossa própria fé. É preciso reafirmar sempre e deixar muito claro que estes santos católicos são nossos irmãos na fé, que pedem por nós no Céu, e não entidades espirituais celebradas em outras crenças.
Na Igreja Católica, o dia de São Cosme e São Damião é 26 de setembro. Devemos cultuá-los na fé da Igreja e nas Missas.
São Cosme e São Damião, rogai por nós!
Fontes: Cléofas e Canção Nova.