MENSAGEM AO MOVIMENTO NO ES

Querida Mãe,
Saúde e paz!

Há poucos dias fui surpreendido com a ligação do nosso então Arcebispo, Dom Luiz Mancilha Vilela, transmitindo-me o discernimento com o convite para ser Diretor Espiritual do Movimento aqui em nosso Estado.

Fiquei surpreso, pois meu conhecimento sobre o Movimento é pouco, mas sei do quanto bem tem feito às mães, às famílias e à Igreja. Também sei de todo carinho que Dom Luiz tem por esse Grupo, de tal modo que me senti honrado com o chamado.

Não é com pouco sacrifício que aceitei, pois já acúmulo alguns encargos, mas algo me diz que esse novo serviço me trará mais alegrias que trabalhos. Muito embora, o Diretor Espiritual seja aquele que olha por outra perspectiva, especialmente buscando a escuta da vontade de Deus, sobretudo, nos momentos de dificuldades e tensões.

Nesse sentido, esses dias meditei muito sobre esse chamado. Pensei nos meus Grupos de Mães na minha própria Paróquia que crescem com tanta autonomia pelo empenho dessas mulheres dedicadas e por graça do Espírito Santo que suscita e concede os carismas de acordo com as necessidades da Igreja. Pensei no quão pouco fiz por esse Grupo ali tão próximo de mim. Mas ninguém põe obstáculo à obra de Deus. É Ele quem tudo realiza. Se não atrapalhei, já fiz algum bem!

Também fui buscar na memória o que esse Movimento diz para minha vida. Recordei dos sussurros orantes da minha bisavó, sentada sobre as pernas, em sua cama, conversando com Deus em longas e fervorosas orações. Lembrei-me da minha avó, de joelhos num santuário para onde peregrinamos após longa viagem. As madrugadas que acordava escutando-a orar, cujas palavras eu não entendia, apenas conseguia ouvir os nomes dos filhos, genros, noras e netos, entre os quais, o meu. Por fim, da minha mãe. Ao tocar a Ave Maria no rádio tudo parava para sua oração. Muitas vezes, ao chegar da escola, encontrava velas acesas. Mas por que não só uma? Cada vela em intenção do Anjo da Guarda de cada filho.

Muitas mulheres assumiam certa “maternidade espiritual” e pude sentir, muitas vezes, psíquica e quase que fisicamente o conforto de suas orações.

Foi então que me dei conta que, talvez, esse chamado seja uma forma de agradecer pelas horas e h-ora-s que essas mulheres me apresentaram diante do Senhor, e, de certo modo, ser também testemunha da força da mãe que ora.

Saber que tantas mães oravam por mim foi fundamental na superação das minhas dificuldades e provações, importantíssimo para a construção da minha experiência religiosa, para o discernimento da minha vocação sacerdotal e amadurecimento humano, pois orar por alguém é uma prática que brota do amor e todos precisamos de amor para crescer, para sermos humanos.

Meu coração ficou inquieto e desejoso de apresentar ao Movimento alguns pontos para serem aprofundados e discernidos no momento oportuno:

1- O ministério de oração para cura da relação paterna;

2- A devoção aos Anjos da Guarda e sua invocação na proteção dos filhos;

3- O discipulado das Mães como um caminho integral de formação cristã e aprofundamento espiritual;

4- O Domingo, Dia do Senhor. Como incrementar a vivência desse dia em favor do crescimento espiritual pessoal, familiar e eclesial?

Essa é uma pequena partilha para um primeiro contato. Estaremos juntos ao longo desse ano de 2019. Espero não atrapalhar para que Deus tudo possa realizar.

Com meu carinho e bênção sacerdotal.

Padre Renato Paganini